12/07/2012
Christiane Torloni estreia como bailarina em 'Teu Corpo É Meu Texto'
O vínculo de Christiane Torloni com a dança é antigo. Mas merece novos contornos em Teu Corpo É Meu Texto, espetáculo que a atriz estreia na segunda, dia 16, no Teatro Sérgio Cardoso. Aqui, Torloni vai se apresentar pela primeira vez ao lado de bailarinos profissionais: sobe ao palco com a Studio3 Cia. de Dança e a Cia. Sociedade Masculina de Dança. Também aprofunda uma relação com a expressão corporal, marca maior de sua parceria com o diretor José Possi Neto.
"A obra veio como um desdobramento natural dessa relação", observa a intérprete. "Há muito tempo eu ensaiava essa aproximação. Às vezes, as palavras são muito pesadas para falar o que queremos dizer. E dançar é algo que me move, que me faz sorrir sem que eu perceba."
Há ao menos 25 anos o corpo é um componente determinante nas criações da atriz no teatro. Em 1988, ao contracenar com Raul Cortez em O Lobo de Ray-Ban, o dado já se insinuava. "O meu trabalho, não importa qual seja, sempre começa pelo aspecto corporal. E a Christiane sempre demonstrou uma identificação muito forte com isso", comenta Possi Neto. Juntos, atriz e diretor já criaram espetáculos teatrais em que a dança marcava forte presença. Entre eles, 10 Elevado a Menos 43 – Êxtase (1993) e Salomé (1997).
Com coreografia de Anselmo Zolla e direção de Possi Neto, Teu Corpo É Meu Texto surgiu como uma investigação sobre o feminino. Nesse contexto, Christiane surge em cena como Sarasvati, deusa da tradição hindu. Esse mote, no entanto, logo merecerá outros matizes. Ganha contornos de um breve passeio pela história da humanidade. Périplo que elege a arte como elemento central. "Essa questão do feminino aparece de forma muito contundente, mas se torna algo maior. Que fala da capacidade do homem de sonhar", diz Possi Neto.
Na cena inicial, a figura de uma divindade encontra criaturas que ainda rastejam pelo chão e as desperta para sua própria condição humana. Gradativamente, elas começarão a andar, a descobrir as possibilidades do corpo e a encontrar na criação artística a possibilidade de transcendência. O cenário, escuro e lúgubre, vai se iluminar. "A coreografia trata da grande aventura humana", resume Christiane. "E acaba se tornando uma homenagem à dança."
Nesse contexto de celebração, despontam em cena evocações a momentos marcantes da dança. Não existem citações, mas apenas lembranças do engenho de Maurice Béjart, Nijinsky, Isadora Duncan, Marta Graham, Marilena Ansaldi. "Nomes que eram mais do que grandes bailarinos. Eram grandes criadores", define Possi.
A trilha de Felipe Venâncio acentua a proposição com releituras de clássicos como Tchaikovski, Ravel, Bach e Stravinski. E, ainda que não exista uma narrativa a conduzir a montagem, Christiane Torloni interpreta alguns textos de Eduardo Ruiz. "O corpo e a música servem para tirar as pessoas de suas trincheiras. Depois, quando elas estão desarmadas e de coração aberto, podem absorver melhor as palavras", acredita a atriz.
Recentemente, Christiane emprestou a voz para outro espetáculo de dança. Ainda que não estivesse em cena, atuou como narradora da montagem de Marta Graham – Memórias (2010), criação que também carregava as assinaturas de José Possi Neto e Anselmo Zolla. "Ao ver os bailarinos dançando sobre as minhas palavras, ver que a minha voz fazia parte da partitura, tive uma vontade maior de estar no palco com eles. Eu me sinto, literalmente, dando um passo a mais", confessa ela, revelando que seu próximo projeto deve ser um musical.
Fonte: Estadão
Postado por: Allana Ferreira
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário